Lembro que me encontrava no trabalho numa rotineira quarta-feira quando recebi um telefonema de um amigo espírita. Era o Lindon Johnson que me ligava para, pasmem, avisar que o Lourival Lopes (1), autor daqueles conhecidíssimos livros de bolso da Editora Otimismo, gostaria de dar uma palestra em nosso centro espírita, na cidade de Esperantina. Ele se encontrava no Piauí para realizar algumas exposições em um evento promovido pela Sociedade Espírita Fabiano de Cristo e pretendia, no dia seguinte, visitar alguns amigos seus, os quais residiam em nosso município.
A grande surpresa para mim se deu, na verdade, porque Esperantina (2) não havia recebido, até aquela data, palestrantes espíritas de outros Estados, muito menos, um prestigiado escritor. O próprio movimento espírita ainda estava nascendo de forma organizada e institucionalizada na cidade, já que o Centro Espírita Chico Xavier, única casa do gênero, possuía apenas três anos de funcionamento. Dava mesmo para duvidar daquela notícia. No entanto, para nossa completa alegria, tivemos mais tarde, a confirmação da vinda do escritor através de outra ligação, dessa vez, da Marta, uma das pessoas que se dedicaram enormemente para a fundação daquela casa espírita. Uma casa pequena, mas simples e muito bem arrumada (3).
Simplicidade parecida com a demonstrada pelo escritor brasiliense. Lourival interrompeu-me no momento em que eu o agradecia pela visita e pela palestra, impedindo-me de dizer também umas poucas palavras sobre ele. Percebi que não gostava de qualquer coisa que pudesse se parecer com um elogio. Evitou também se apresentar como o conhecido escritor que era (4). Conduta típica do trabalhador centrado, que vem para dar a sua mensagem e que procura cumprir a sua tarefa, tentando não chamar atenção para si próprio.
Lourival foi o tempo todo muito simpático. Chegou à noite ao centro espírita, acompanhado dos nossos amigos de Teresina e falou ao pequeno, mas aconchegante auditório, o qual se encontrava completamente cheio - apesar da divulgação feita em cima da hora. Conversou com todas as pessoas que o abordaram. Distribuiu vários livros de bolso e os autografou no final.
Sobre a redação das mensagens contidas em seus livros, falou como procedia, relatando-nos um fato interessante, que eu procurarei explicar da forma que entendi. Disse-nos que, certa vez, resolveu estudar, ler algumas coisas antes de redigir seus textos a fim de que pudesse ter mais inspiração ou mais conteúdo para a elaboração deles. No entanto, fora naquele momento advertido pela Espiritualidade, de que a técnica usada para escrever as mensagens não deveria ser aquela. Sua inspiração deveria brotar naturalmente. A partir do instante em que ele realizasse leituras momentos antes de escrever, sua naturalidade e sua inspiração poderiam ser um pouco bloqueadas. Quem sabe - penso eu - a mensagem poderia terminar saindo com as ideias do livro que acabara de ler e não com as suas próprias ou com as dos Espíritos que o inspiravam. Como se vê, os Espíritos se utilizam de diferentes técnicas de acordo com o trabalho que é desenvolvido.
E assim foi. Tudo muito rápido. De repente, a notícia de sua vinda. No dia seguinte sua chegada, a palestra, a conversa. Na sexta-feira, já não tivemos mais contato com ele. Soubemos que iria dedicar aquele dia para a visita aos amigos, os quais também estiveram presentes na palestra que proferiu. Tudo muito breve. Resumidamente, assim foi o dia, o agradável dia em que Lourival Lopes esteve em Esperantina.
25/05/2010.
- Raul Ventura -
Trabalhador do Instituto de Cultura Espírita do Piauí (ICEPI).
Responsável pela Coluna Espírita do 180Graus
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Notas
1 Lourival Lopes é autor dos livros “Gotas de Esperança”, “Ânimo”, “Sempre Alegre”, “Sementes de Felicidade”, “Otimismo Todo Dia”, “Sabedoria Todo Dia”, “Preces do Coração”, “Preces da Vida”, “Fala com Deus”, “Toques de Luz”, “Deus Ajuda”, “Paz Todo Dia”, “Fortalecimento” e “Caminho Seguro”, todos publicados pela Editora Otimismo.
2 Os fatos narrados se deram no ano de 2008. As cidades do interior do Piauí (um dos Estados mais católico do Brasil, segundo o Censo 2000 do IBGE) talvez possuam tanto simpatizantes do Espiritismo quanto propriamente espíritas. Existe um receio das pessoas de se declararem espíritas numa sociedade em que a tradição ainda tem enorme valor. E tradição, nessas cidades, é para muitas pessoas, sinônimo de Catolicismo. Alguém já nos disse que há várias pessoas que frequentam os centros espíritas da capital piauiense, mas que em suas cidades natais, vão somente à Igreja. Penso que Esperantina não escapa a essa realidade.
3 O Centro Espírita Chico Xavier foi fundado com o trabalho de diversas pessoas, especialmente das irmãs Helena, Marta e Ana Teles e da senhora Francisca Pontes.
4 Embora não tivesse a intenção de elogiá-lo, mas apenas a de agradecer - na condição de anfitrião - pela palestra proferida em nossa casa espírita.
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Que a Paz do mestre Jesus esteja contigo!