quinta-feira, 15 de abril de 2010

SOLIDÃO

Às vezes, uma vaga tristeza se apodera de nossos corações e nos leva a considerar amarga a vida. É que nosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, se esgota, em vãos esforços para sair do corpo que lhe serve de prisão. Reconhecendo inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo sofre sua influência, toma-nos a lassidão, o abatimento, uma espécie de apatia e nos julgamos infelizes.

Resistir, com energia, a essas impressões que nos enfraquecem a vontade, é preciso.
São inatas, no espírito de todas as pessoas, as aspirações por uma vida melhor. Não obstante, o desempenho nos deveres para com a família atual, e outros que a programação reencarnatória impõe, tem que ser alcançado, com determinação e coragem.

A essas reflexões nos leva a mensagem de François de Genève, que Kardec transcreve no item 25 do capítulo V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, pertinente à melancolia.

É compreensível, por vezes, desejarmos querer partir para o lado de lá, idealizando regiões mais felizes, entretanto só é bom ir, na hora certa e com o dever cumprido.
Nossa reencarnação, de regra, tem a ver com o quadro de expiação e prova, tanto para reparar equívocos do passado como para exercitar valores positivos espirituais e morais.
A solidão pode estar presente, nesse contexto, seja a material, seja a espiritual, e é preciso saber lidar com ela.

Na solidão material, a ausência afetiva de outra pessoa, seja um cônjuge, os pais, um amigo.
Na solidão espiritual, a sensação de impotência, de estar vencido, perdido.
Para ambas, existe solução: a prática da caridade nos seus vários aspectos.
A resignação e a prece ajudam nesse sentido: resignação diante daquilo que não podemos mudar; prece buscando o fortalecimento espiritual para levar adiante a tarefa.

No campo afetivo, muitas vezes, não é nesta existência que o encarnado alcançará sua realização sentimental plena. Sua “alma gêmea” (falando de forma poética) – o ser que lhe é mais afim – pode não estar fazendo parte de sua atual programação, estando reencarnada, mas não tão próxima, ou o estar ajudando do plano espiritual.

Se a pessoa se isola, voluntariamente, não pode queixar-se de solidão.
Se é isolada pelos outros e se sente solitária, uma causa existe e, tanto pode estar na vida presente como na passada.

Há situações que podem ser mudadas, no campo do relacionamento, e o processo de reforma íntima sempre ajuda nessa direção.

Preencher a solidão, buscando eliminar ou minimizar a melancolia, a tristeza, a depressão, o desgosto, o pesar, é fundamental para uma boa qualidade de vida.
Sempre há quem vivencie provas mais dolorosas que as nossas, atingido por sofrimentos físicos ou morais, clamando por nossa solidariedade.

A fraternidade é o sentimento que deve unir, cada vez mais, os seres entre si, porque somos todos irmãos, espiritualmente falando, filhos do mesmo Pai Maior, que nos criou imortais e perfectíveis, guiando-nos, com Suas leis, rumo ao progresso incessante.

Por isso, Jesus enfatiza a necessidade do amor ao próximo.
Enquanto se busca auxiliar o irmão que mais precisa, a solidão se esvai, a melancolia se dissipa, o vazio interior desaparece, pois representam estados de espírito que sucumbem ao influxo das vibrações elevadas do amor e da caridade.

Fonte: Jornal O Clarim - Abril/2010

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Que a Paz do mestre Jesus esteja contigo!