Companheiros há que, equivocadamente, supõem que ser espírita é ser santo. Logo, como ainda se julgam cheios de imperfeições, entendem que seria atrevimento dizer-se espírita, quando ainda há tanto em si mesmos a ser corrigido.
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É evidente que esse raciocínio leva a pensar que a Terra é morada dos justos, bons e perfeitos, quando já nos foi explicado que este planeta é um mundo de provas e expiações e, portanto, habitado por espíritos que têm afinidade com as características do globo. Logo, não pode haver perfeição nos moradores de um mundo inferior. Nem por isso ele deixa de ser importante educandário para aprendizado e crescimento espiritual.
O equívoco, no entanto, que soa mais como pieguice, faz com que as pessoas que assim raciocinem deixem de assumir posições de trabalho, de auxílio, de comando ou de qualquer outra tarefa que lhes é solicitada. A desculpa é que ainda não são competentes e não podem dizer ao outro o que ainda não são capazes de praticar. Um terrível e nocivo equívoco.
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Será que essas pessoas creem que os conferencistas do movimento espírita são pessoas imaculadas, sem “pecados”, e que eles vivem na prática tudo o que ensinam das tribunas. Será que acreditam que essas pessoas não perdem a calma, não têm melindres, não sentem inveja e jamais disseram qualquer maledicência? Seria transformar nossos abnegados divulgadores em seres perfeitos que já estariam por merecer uma reencarnação em mundos superiores.
Sabemos que isso não é a verdade e os próprios tribunos ao divulgar suas ideias não escondem que também são pessoas necessitadas de progresso, de evolução espiritual e da benevolência por parte dos Espíritos, do Cristo e do próprio Pai Eterno.
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Se consultarmos o capítulo XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo e formos ao último parágrafo do item 4, encontraremos uma orientação que diz claramente: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações”.
Diz ainda que aquele a quem podemos qualificar de verdadeiro e sincero espírita encontra-se em grau de adiantamento moral. Enquanto um se compraz no seu horizonte limitado, o outro, que compreende a existência de alguma coisa melhor, esforça-se para se libertar e sempre o consegue, quando dispõe de vontade firme. Por isso o item 4 tem o subtítulo de “os bons espíritas”.
Para ser espírita e, portanto, ter o direito de proclamá-lo, não é preciso ser perfeito, mas ser verdadeiro e determinado. Deve lutar tenazmente contra suas más tendências, uma, duas, dez vezes, se necessário, para vencê-las.
Deve, simultaneamente, engajar-se em tarefa de auxílio ao próximo de qualquer natureza. Pode ser um trabalho voluntário numa creche, num hospital, num asilo, abrigo para menores, dando passe ou fazendo palestra no Centro Espírita. Seja lá o que for, desde que beneficie sincera e desinteressadamente aqueles a quem busca servir.
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O que facilita esse progresso e adiantamento como espírita é a não recusa de trabalho ofertado. Evidentemente, se algo que lhe é proposto não faz parte de suas habilidades, pode explicar ao dirigente e pedir que lhe ofereça alguma outra tarefa. Por exemplo, se convidado a fazer palestra ou trabalhar no serviço de orientação espiritual e ainda não tiver experiência necessária, peça para estagiar no trabalho ou fazer uma parte mais simples.
Vamos citar um exemplo pessoal, para ilustração:
No nosso centro temos uma companheira assídua que sempre se mostrou interessada em saber e trabalhar. Convidamo-la para fazer uma parte das palestras, entre dez e quinze minutos, e nós complementaríamos perfazendo o tempo total de trinta a trinta e cinco minutos.
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Assim foi feito e sugerimos que tão logo ela se sentisse capacitada para fazer o trabalho por inteiro que nos avisasse. Que ficasse tranquila porque estaríamos de plantão para qualquer emergência. Em pouco tempo tornou-se autossuficiente. Temos nessa confreira hoje uma ótima palestrante.
Passado algum tempo, como as palestras tinham boa abordagem, sugerimos que as transcrevesse para tentarmos montar um artigo doutrinário que ofereceríamos aos órgãos especilizados.
Assim foi feito e hoje essa irmã é colunista habitual de jornais e revistas do movimento espírita, além de já ter sido solicitada a conceder entrevistas on-line em diferentes sites.
De quem é o mérito? Nosso que ensinamos, ajudamos, corrigimos, encaminhamos ou da trabalhadora que, demonstrando a melhor boa vontade, aceitou a sugestão e dedicou-se com todo esmero naquilo a que se propôs? Evidente que ambos têm valor, mas se a companheira não aceitasse, por medo ou por julgar-se sem condições, não teríamos hoje a palestrante nem a escritora.
Se você participa do movimento e quer ter o direito de intitular-se espírita, não fuja do trabalho porque é por meio dele que crescemos e nos preparamos para ser um cristão de verdade. Nada de modéstia improdutiva, embora ninguém deva ser pretensioso ou arrogante. Conhece-te e o resto virá por acréscimo. Mas não adie indefinidamente o tempo de começar o trabalho. Seus dias podem terminar e você perderá a grande oportunidade que a reencarnação lhe ofereceu.
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Tenhamos como exemplo, Allan Kardec. Ele também não entendia nada de Espiritismo, mas quando se convenceu da verdade abraçou o trabalho com todas as forças. Graças a ele temos hoje todo esse notável conhecimento.
Octávio Caumo Serrano
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo (RIE) Março/2010
obrigado!!!!!!!!!!por ter esclarecido as minhas duvidas,e que a paz do Mestre estej a com vc também!
ResponderExcluirBoa noite Marise!
ResponderExcluirQue bom que esta postagem lhe ajudou no esclarecimento, ficamos felizes :)
Muita Paz & Luz...Sempre!!!