quinta-feira, 15 de abril de 2010

CHICO XAVIER É O APÓSTOLO DO ESPIRITISMO

ENTREVISTA COM DIVALDO FRANCO


Reformador: Como foi seu primeiro encontro com Chico Xavier?

Divaldo: No mês de março de 1948, convidado pelo confrade Ederlindo Sá Roriz, a visitar Belo Horizonte, durante as minhas férias de funcionário autárquico – foi ele quem me induziu a proferir a primeira palestra na União Espírita Sergipana, no dia 27 de março de 1947, quando residia em Aracaju, e eu era seu hóspede – porque ele fora transferido com a família para a capital mineira, após aceitar-lhe o convite, em lá chegando, no dia imediato, tive a imensa alegria de conhecer o venerando médium Chico Xavier, em um encontro inolvidável. Já nos correspondía-mos epistolarmente desde alguns meses...
Naquela época, habitualmente, às terças-feiras, Chico Xavier visitava a família da dona Lucília Cavalcanti, viúva e fotógrafa, residente na Rua Tupinambás, no 330, térreo (“Foto Minas”), naquela cidade, a quem era profundamente vinculado, especialmente em razão do afeto espiritual que dedicava ao jovem Carlos Cavalcanti, que então fundara e dirigia a União das Mocidades Espíritas Nina Arueira. Às 17h, com um grupo de amigos, entre os quais, Ederlindo Sá Roriz, Arnaldo Rocha e José Martins Peralva Sobrinho, vimos chegar, procedente de Pedro Leopoldo, o afável amigo, que logo saltou e pôs-se a abraçar-nos a todos, que formávamos, à porta de entrada, um semicírculo... Jovialmente saudou-me e, segurando-me pelo braço, convidou-nos a adentrar na residência que lhe era querida.

Reformador: Esteve em outros eventos com Chico?

Divaldo: Sim. Estive ao lado dele em muitos eventos, dentre outros, em algumas das tardes noites de autógrafos em diversas cidades, assim como em atividades, nas quais eu deveria proferir conferência, como ocorreu em Uberaba, inúmeras vezes, em diversos auditórios, inclusive em comemorações muito especiais. Outrossim, por ocasião do recebimento do Diploma de Cidadão Uberabense, em 1980, que me foi concedido, cuja entrega ocorreu no ginásio da cidade, ele proferiu inolvidável palestra, aliás, como sempre o fazia nas atividades em que ambos participávamos, antes da conferência de agradecimento que me estava reservada. Igualmente, encontramo-nos por ocasião da proposta que apresentamos para que se tornasse candidato ao Prêmio Nobel da Paz 1981 – primeiro havendo falado com ele, que anuiu em receber a homenagem com vistas à divulgação do Espiritismo – no Rio de Janeiro, na respeitável Instituição Espírita Marieta Gaio, em São Cristóvão, com Augusto Cesar Vannucci e outros repórteres, no que resultou em memorável reportagem na revista Manchete. Recordo-me, também, do inesquecível encontro na quadra de esportes do Ginásio Caio Martins, em Niterói, quando ele foi agraciado com o Título de Cidadão Niteroiense, diante de grande público que repletava todo o imenso auditório. Naquela ocasião, ele teve a gentileza de deixar alguém à minha espera, na entrada, porquanto eu proferira uma conferência em Campos, naquele Estado, e após desincumbir-me do mister, viajei àquela cidade, exclusivamente para abraçá-lo, conforme combináramos antes por correspondência.
Também estive em alguns dos jantares beneficentes promovidos por Mercedes, em São Paulo, em favor dos irmãos portadores do “fogo selvagem” aos cuidados do Lar da Caridade, fundado por dona Aparecida Ferreira, há pouco desencarnada, dos quais ele participava anualmente, havendo eu proferido uma breve palestra, numa dessas ocasiões, no Clube Pinheiros, na capital paulistana.

Reformador: Há um livro psicografado por você e o Chico?

Divaldo: Sim, existe, e chama-se ..."E o amor continua". É constituído de mensagens por nós ambos psicografadas e de autoria, respectivamente, dos Espíritos Emmanuel e Joanna de Ângelis, prefaciado pelo Espírito Dr. Bezerra de Menezes, através dele e deste servidor. Diversos outros livros de nossa lavra mediúnica foram honrados com prefácios por ele psicografados e ditados pelos Espíritos Rabindranath Tagore, Emmanuel, Dr. Bezerra de Menezes

Reformador: O que mais lhe chama a atenção na vida luminosa de Chico Xavier?

Divaldo: Tudo, na sua existência, é rico de beleza e de espiritualidade. Desde criança, a sua vida é assinalada pela comunhão direta com os Espíritos nobres, sendo conduzido, passo a passo, pela sabedoria e austeridade do nobre Emmanuel, seu guia e amigo, até alcançar o clímax do ministério, após vencer longo percurso de sofrimentos e de renúncias, de abnegação e de sacrifícios, sem jamais queixar-se, nem reclamar. A sua humildade, posta à prova, mil vezes, é o testemunho mais nobre da sua grandiosa missão, que dele fez o verdadeiro apóstolo do Espiritismo. Em todos os lances, portanto, da sua existência, em público ou na solidão, aplaudido ou tentado a ser empurrado para o ridículo, ele se manteve irretocável como uma estrela luminífera no velário da noite.

Reformador: Qual sua avaliação sobre a obra psicográfica de Chico Xavier?

Divaldo: É-me difícil aquilatar a grandeza da obra mediúnica de que foi instrumento o inesquecível apóstolo mineiro, porquanto não tenho capacidade intelectual para penetrar-lhe todo o conteúdo histórico, científico, religioso, ético-moral e filosófico. Do ponto de vista da autenticidade das mensagens por ele recebidas, às centenas, existem depoimentos de imortais da Academia Brasileira de Letras, de estudioso da caligrafia dos missivistas etc., não me atrevendo a penetrar nesse campo delicado e profundo. Nada obstante, conforme se vêm confirmando inúmeras das informações nessa monumental obra, veiculadas, por cientistas de renome, que não têm nenhum contato com o Espiritismo, verificamos quão grandiosa e profética é a mesma. Ademais, encontra-se perfeitamente inte-grada no contexto da cultura hodierna com amplas possibilidades de entendimento no futuro, sem ferir nenhum dos paradigmas da Doutrina Espírita.

Reformador: Como avalia a missão do citado médium?

Divaldo: Chico Xavier é, sem qualquer possibilidade de dúvida, o apóstolo do Espiritismo, nos dois séculos: naquele em que nasceu e viveu, bem como no em que desencarnou, respectivamente, XX e XXI. Logrou alcançar o mediunato, conforme a expressão do Espírito Jeanne d’Arc, em O Livro dos Médiuns. Ele se tornou a própria missão, sendo muito difícil separar o homem do apóstolo e o missionário do irmão de todas as criaturas: vegetais, animais e humanas.

Reformador: Ao ensejo do Centenário de Chico Xavier, o que recomendaria aos espíritas?

Divaldo: Após o cuidadoso estudo da Codificação e das obras que lhe são complementares, sugeriria que todos mergulhás- semos o pensamento e a emoção no estudo cuidadoso e sistematizado das obras ímpares recebidas pelo excelente médium e abnegado servidor de Jesus. Aos médiuns, se me é permitido, sugeriria, também, que nele víssemos o exemplo máximo do poder da vontade contra as vicissitudes e os desafios, permanecendo fiel a Jesus e a Kardec, vivenciando a doutrina libertadora, sem alarde, sem fugas psicológicas, sem angústias, ricos da paz que o abençoado amigo deixava transparecer no semblante, mesmo nas horas mais graves da sua existência, e de que era portador, irradiando-a em favor de todos aqueles que se lhe acercavam.

Fonte: Revista Reformador - Abril/2010



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Que a Paz do mestre Jesus esteja contigo!