Para um espírita, o santo é um missionário de luz, tendo tido ou não uma crença católica.
O que faz alguém ser 'santo' é ter alcançado um elevado grau de espiritualidade.
Conforme o Mestre ensinou a respeito dos eleitos, o santo exatamente se caracteriza pela prática desinteressada do amor para com todas as criaturas.
Será que o prelado considera o 'santo' propriedade da Igreja Católica?
Será que o santo, como criatura espiritual de grande expressão, só exerce a fraternidade para os católicos?
A resposta é negativa, já que o próprio Jesus não faz diferença entre as pessoas e, conforme foi comentado, anteriormente, o Mestre não se refere a nenhuma crença religiosa, por ocasião do sermão profético, quando fala a respeito dos 'eleitos'.
É muito boa a abordagem a respeito desses benfeitores espirituais, pois sabe-se que o fenômeno mediúnico foi marcante na vida dos iluminados irmãos, canonizados pela Igreja.
Cito a seguir alguns exemplos a respeito do assunto, compulsados do excelente livro 'Mediunidade dos Santos', de autoria de Clovis Tavares, publicado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras-São Paulo:
1 - Santa Teresa Galani possuía a mediunidade da vidência;
2 - Santa Margarida Alacoque era dotada da mediunidade da vidência e da audiência.
3 - São Pedro de Alcântara era portador da faculdade mediúnica da cura, premonição e levitação.
4 - Santa Margarida de Cortona exercia a mediunidade da vidência.
5 - São João Crisostomos tinha o dom da psicografia.
6 - São Pedro de Alcântara dominava a premonição,a levitação e a cura mediúnica;
7 - Santa Gemma Galgani apresentava a vidência;
8 - Santa Catarina Laboure tinha a posse da audiência;
9 - Santa Tereza D'Avila desempenhava a vidência;
10 - Santa Brigida era uma médium que levava a efeito a vidência, a audiência, a psicografia, a levitação, a premonição e a cura;
11 - Santa Clara de Montefalco punha em ação a vidência, o desdobramento ou a projeção da consciência, xenoglossia (falar línguas estrangeiras desconhecidas ao médium), premonição e curas;
12 - Dom Bosco foi um médium, principalmente, de efeitos físicos. Praticava também a vidência, a premonição e a cura;
13 - São João Batista Maria Vianney (Cura D'Ars) se distinguiu pela mediunidade da cura e da vidência;
14 - São Eucarpio, São Trofimo, Santa Joana D'Arc, São Francisco de Assis professavam a audiência;
15 - Santo Afonso de Ligorio era versado de audiência e na bilocação;
16 - Santo Antonio de Pádua, além da bilocação, exercitava-se na premonição e na cura;
17 - Santa Catarina de Genova possuía a vidência;
18 - Santa Catarina de Siena exercia a audiência e a cura;
19 - São Bento foi um 'expert' na levitação.
Conclui-se que os denominados Santos eram pessoas dotadas de função mediúnica. Seus dons paranormais são perfeitamente observados e estudados pela Doutrina Espírita, constatando-se nenhum fato miraculoso ou inexplicável.
É perfeitamente plausível afirmar, então, que os homens canonizados pelo Catolicismo estão muito mais ligados ao Espiritismo do que a qualquer religião, inclusive a católica.
Como espíritos evoluídos, fazem parte da grande falange crística dirigida pelo próprio Jesus.
Assim como a Doutrina codificada por Allan Kardec representa 'O Consolador prometido pelo Cristo': 'Vos ensinará todas as coisas e vos lembrará tudo o que vos tenho dito' (João 14:26), e certo que os queridos irmãos, santificados pela Igreja continuam trabalhando espiritualmente para o bem da Humanidade.
O Mestre disse que 'O Consolador não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido' (João 16:13).
Representa, então, uma falange de mensageiros espirituais, que, sob a ordem de Jesus, ('O Pai enviará em meu nome' - João 14:26), virão ensinar o que o Cristo disse que a Humanidade de sua época não podia suportar (João 16:12).
Em 'O Livro dos Espíritos' (questão 625), Allan Kardec perguntou a Espiritualidade: 'Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e de modelo?' A resposta foi incisiva: 'Jesus'.
Na resposta da pergunta 627, ressalto a seguinte afirmação dos Arautos do Consolador: 'Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou'.
É lógico, portanto, assegurar que as Entidades santificadas pela Igreja, fazem parte das falanges espirituais, cuja presença entre nós reafirmam as palavras do Mestre: 'Não vos deixarei órfãos...' (João 4:18)
O Codificador do Espiritismo, na elaboração da Doutrina Espírita, recebeu ajuda considerável de vários espíritos, laureados pelo Vaticano, como São Luis, Santo Agostinho, São João Evangelista, São Vicente de Paulo, São Paulo, São Francisco Xavier, Cura de Ars e outros.
Portanto, não há, para o seguidor de Kardec, constrangimento em homenagear os locais onde pratica o amor ensinado e exemplificado pelo Cristo, com os nomes daqueles que são verdadeiros seareiros do bem, chefiando as falanges responsáveis pela implantação do Evangelho na Terra.
Quanto a louvar o Cristo, o Mestre é realmente o exemplo a ser seguido pelos homens.
Allan Kardec disse que 'Jesus constituiu o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos tem aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.' ('O Livro dos Espíritos, comentário da resposta da questão 625).
Fonte: Trecho do livro "Por que sou Espírita" - Américo Domingos
Concordo com o autor quando diz que vários santos tem mais ligação com o Espiritismo do que com a Igreja Católica. O fenômeno mediúnico foi presente na vida de muitos deles, algumas vezes, mais do que o aspecto moral.
ResponderExcluirSó discordo quando ele generaliza, afirmando que eles, "Como espíritos evoluídos, fazem parte da grande falange crística dirigida pelo próprio Jesus."
Alguns sim. Não é o caso, porém, de muitos santos. É como diz o ex-padre católico na crônica de Humberto de Campos, abaixo: "Sabemos que raros homens canonizados pela igreja humana chegaram, de fato, à montanha alcantilada e luminosa da virtude".
O fato é que não deveríamos ser nós a "canonizarmos" os grandes homens. Que condições temos de escolher quem é ou quem não é santo? Como poderíamos fazer esse tipo de julgamento, se desconhecemos muitos aspectos particulares? Como entender que se abra um processo para reunir as provas e a Igreja definir se a pessoa deve ser santa? Que autoridade moral temos para tanto? Quantos homens bons passam despercebidos sem serem considerados santos?
Para ilustrar, colocamos no COMENTÁRIO SEGUINTE, a história de São Domingos Gonzalez, extraída do livro Reportagens de Além Túmulo.
Abraços,
E bom feriado a todos!
Raul
Amarguras de um santo
ResponderExcluirFalava-se numa roda espiritual da melhor
maneira de cultivar a prece, quando um amigo
sentenciou:
— Uma herança perigosa dos espiritistas é a de
transformar a memória de um companheiro desencarnado numa espécie de culto de falsa santidade. O bom trabalhador do Cristo não faz mais que cumprir um dever, e não é justo se lhe perturbe a serenidade espiritual com a repetição de cenas mundanas, perfeitamente idênticas às cerimônias canônicas. Não raro,a morte arrebata do convívio terrestre um irmão consciencioso, dedicado, e imediatamente os amigos da Doutrina o transformam num tabu de fictícia inexpugnabilidade.
— É verdade — exclamou um dos presentes —, em todas as questões é justo perguntarmos qual foi o procedimento de Jesus, e, no caso da prece,
não se vê, nos Evangelhos, um culto particular,
a não ser a contínua comunhão entre o Cristo e o
Pai que está nos Céus.
Um ex-padre católico (...) acrescentou em tom amistoso:
— É razoável que os homens do mundo não
interrompam as tradições afetuosas com aqueles que os precedem na jornada silenciosa do túmulo, conservando nas almas a mesma disposição de ternura e de agradecimento, na recordação dos que partiram.
Entretanto, no capítulo das rogativas, das solicitações,dos empenhos, convém que toda criatura se dirija a Deus, ciente de que a sua vontade soberana é sempre justa e de que a sua inesgotável bondade se manifestará, de um ou de outro modo, através dos mensageiros que julgue conveniente aos fins colimados. Em minhas experiências nas esferas mais próximas do
planeta, sempre reconheci que os Espíritos mais
homenageados na Terra são os que mais sofrem, em
virtude da pouca prudência dos seus amigos. Aliás, neste particular, temos o exemplo doloroso dos “santos”. Sabemos que raros homens canonizados pela igreja humana chegaram, de fato, à montanha alcantilada e luminosa da virtude. E essas pobres criaturas pagam caro, na Espiritualidade, o incenso perfumoso das gloríolas de um altar terrestre.
(...)
— Vocês conhecem a história de São Domingos
González?
(...) — Domingos González era um padre insinuante, dotado de poderosa e aguçada inteligência. Sua carreira sacerdotal, dado o seu caráter flexível, foi um grande vôo para as posições mais importantes e elevadas. Dominava todos os companheiros pelo poder de sua palavra quente e persuasiva, cativava a atenção de todos os seus superiores pela humildade exterior de que dava testemunho, embora a sua vida íntima estivesse cheia de penosos deslizes.
“A verdade é que, lá pelos fins do século XV,
era ele o Inquisidor-Geral de Aragão; mas, tal foi o seu método condenável de ação no elevado cargo que lhe fora conferido, que, por volta de 1485, os israelitas o assassinaram na catedral de Saragoça, em momento de sagradas celebrações.
“O nosso biografado acordou, no além-túmulo,
com as suas chagas dolorosas, dentro das terríveis realidades que lhe aguardavam o Espírito imprevidente; mas os eclesiásticos concordaram em pleitear-lhe um lugar de destaque nos altares humanos e venceram a causa.
“Em breve tempo, a memória de Domingos
transformava-se no culto de um santo. Mas, aí,
agravaram-se, no plano invisível, os tormentos
daquela alma desventurada. Envergonhado e oprimido, o ex-padre influente do mundo sentia-se qual mendigo faminto e coberto de pústulas. Nós, porém, sabemos que as recordações pesadas do planeta são como forças invencíveis que nos prendem à superfície da Terra, e o infeliz companheiro foi obrigado a comparecer, embora invisível aos olhos mortais, a todas as cerimônias religiosas que se verificaram
na instituição de seu culto. Domingos González, assombrado com as acusações da própria
consciência, assistiu a todas as solenidades da sua canonização, sentindo-se o mais desgraçado dos seres.
As pompas do acontecimento eram como espadas
intangíveis que lhe atravessassem, de lado a lado, o coração vencido e sofredor. Os cânticos de glorificação terrena ecoavam-lhe no íntimo como soluços da sombra e da amargura.
“E, desde essa hora, intensificaram-se-lhe os
padecimentos.